Encontras o teu segredo
Cercado
De um segredo maior ainda.
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Chega-se ao deserto
No dia
Em que se descobre
Que sempre se esteve ali
O que nos escondia o deserto?
Um certo conforto
Um certo esquecimento
Mas lá estava ele
Fiel, tenaz
Havia apenas ilusões
A perder
Algumas honrarias."
(do livro Deserto, Desertos de Jean-Yves Leloup)
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
Bálsamo 3
Uma história de outro jeito
(Fernanda Saraiva Romero)
Era uma vez um beija-flor que se apaixonou por uma violeta.
Não era uma violeta maior nem mais bonita do que as outras, mas tinha um jeitinho irresistível de se inclinar sobre a haste, de se mostrar, meio se escondendo, por entre as folhas.
E o beija-flor, que beijava todas as flores, só se encantava do perfume e da cor da violeta preferida.
Enquanto isso a violeta, beijada por outros beija-flores, só conhecia de cor a cor de cada uma das penas, o ruído das asas, o toque manso do bico de seu beija-flor preferido.
E assim, presos aos encantos um do outro, beija-flor e violeta, violeta e beija-flor ligaram-se tão fortemente, que todo mundo notou.
Ah! Como se murmurou a esse respeito no mundo das violetas!
E como se comentou tal absurdo no mundo dos beija-flores!
É que, em nenhum dos dois mundos, havia acontecido ainda uma coisa daquelas, e era assustador que, de repente, se amassem duas criaturas tão diferentes! Aquilo mudava a ordem das coisas e amedrontava a todos, menos aos dois, que, bem cativos um do outro, viviam um grande amor.
Até que um dia...
Bem, um dia, o beija-flor dscobriu que sua vida era muito mais comprida que a vida de sua adorada violeta.
Descobriu também que uma flor pode beijar, mas não pode fabricar beija-flores pra continuar o mundo deles.
Ao mesmo tempo, a violeta descobriu que uma flor não pode voar nem ter vida tão comprida como um beija-flor.
Descobriu também, entre as suas tarefas de violeta, uma que um beija-flor não poderia jamais ajudar a cumprir a de fabricar sementes que fizessem nascer flores iguais a ela e continuassem o mundo das violetas.
E foi assim que beija-flor e violeta, violeta e beija-flor se separaram por fim.
E viveram, ele, beijando as flores e as beija-flores, mas sentindo sempre um carinho especial por aquelas que se inclinassem como certa violeta...
... ela, gerando sementes aladas, futuras violetas encantadas com vôos de beija-flor.
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
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