sábado, 28 de dezembro de 2013

Crônica do dia OU Estudo sociológico dos usuários de laboratório de análises clínicas

Último sábado do ano, sol, calor, acordei cedo e fui tirar sangue.

O rapaz do laboratório recebeu-me educadamente: Bom dia. Tudo bem? Eu respondi que tudo bem. Ele, então, passou a falar sobre o perfil dos pacientes de acordo com a unidade do laboratório: interessante estudo sociológico. Sem grandes novidades. Apenas mais do mesmo: reclamações de um trabalhador no último sábado de sol e calor do ano.

Ele disse que outro dia ao cumprimentar uma senhora que estava lá para tirar sangue ela respondeu que se estivesse tudo bem ela não estaria ali. Ele estranhou. Disse que não é daqui, e sim da unidade Centro do Rio e que lá é muito diferente. Eu quis saber a diferença e passamos a construir o que seria o perfil Centro do Rio: pessoas apressadas; estressadas; que, qualquer coisa, dizem que vão processar. E passou ao perfil seguinte: Alcântara - "é mais povão", mas, qualquer coisa, tem barraco e escândalo. E chegou a minha vez, ou melhor, da unidade que utilizo - Icaraí. Antes de passar à análise propriamente dita ele teve o cuidado de dizer que estava generalizando, segundo ele, tem gente que não é assim. "Bem, aqui é igual à Copacabana", disse com um tom reticente e como se estivesse dizendo o óbvio. Eu quis detalhes. Ele disse: "Copacabana é complicado..." ele já tinha mencionado as semelhanças com Icaraí, incentivei-o a ser mais claro e ele vingou-se daquela senhora que insinuara que para estar diante dele não poderia estar bem. Usuários das unidades Copacabana e Icaraí são metidos, arrogantes, têm pose, julgam-se melhores.

Aperta com força, disse ele ao colocar o band-aid no meu braço. E confessou que não é de muito papo, normalmente dá bom dia e faz o seu trabalho. Despedimo-nos com votos de feliz ano novo e ele agradeceu o meu sorriso.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

ar

Queria experimentar a liberdade, a leveza, a soltura. Tenho a impressão que nadar dá essa sensação. Mas eu não sei nadar.

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Já experimentei, na verdade.
Queria isso aquilo e tal e blá blá blá.
Queria me retirar.

Respirar

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Equivalências

Dualidades. Tantas nuances. Sutilezas. Fronteiras tênues. Contradições.

Multiplicidade. Eu e tu. Nós. O mundo. Verdades. Mentiras?

O que enriquece, colore, subjetiva é também o que enrijece, esvanece, objetiva.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Mais doce

Outro dia escrevi sobre o doce, sobre desconfiar do doce; o doce ali se misturava com fraude e decepção. De novo o doce, que pode apontar também para estratégia e/ou para inconsciência. Atitudes doces podem ser bem dúbias, empregadas bem estranhamente.


quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Viver é aventurar-se

Será que exagero? Talvez veja coisas onde não há. Mas ouso. Se não, como saber? Estaria disposta a arriscar, embora nada esteja em risco.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A vida é hoje

Não vai dar tempo de eu ler todos os livros que gostaria, de ir a todos os lugares, de efetivar todos os projetos, de trocar todas as palavras e afetos; pois são muitos e renováveis. Então, aprendi a calma e optei por um caminhar sereno, vasto, múltiplo, aberto e cheio de sentido.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

É preciso aguentar os maus momentos, sem novidades, processos longos demais.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Bom dia

Acordei com a ideia de um dia de cada vez na cabeça. Pode parecer bobagem, mas fortalece.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

sábado, 7 de setembro de 2013

e coisa e tal

Saco cheio geral. blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla  blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla blablabla E o chuveiro ainda queimou. Melhor é ir dormir.

Equilíbrio

Eu ainda não consigo equilibrar o dar e receber em algumas relações. Tem hora que gostaria de fazer diferente.


sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Insônia produtiva

Acordei cedo, cedíssimo, de madrugada, não vi a hora, continuei deitada, não gosto de acordar cedo. Os pensamentos começaram a surgir, o futuro, a fisioterapia, alguma preocupação, a promessa de meditar e caminhar diariamente. Fui ficando ali com tudo aquilo. Até que comecei a pensar nos fios, no que tenho feito, no que penso em fazer, no que preciso comprar para experimentar e as ideias vieram e vieram, algumas revisitas outras inéditas. Peguei papel e lápis sem deixar a cama e escrevi com medo de perder. Levantei com uma exposição na cabeça.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Excessos

Aquela sensação de incômodo, de uma certa impaciência, um não sei bem o quê. Vontade de não fazer nada, de ir, de fazer alguma coisa que satisfaça, vontade de não sei bem o quê. Papel, canetas... eram excessos.

1. Esvaziando
2. Abrindo espaço

















terça-feira, 23 de julho de 2013

Agora tridimensional




O n personas para além da plataforma virtual/visual!

43 posts escolhidos dos 208 escritos entre junho/2007 e maio/2013, mais Curtas que não estão no blog, em 52 páginas.

Foto da capa tirada por e de mim.

Encadernação artesanal do Canteiro de Alfaces.

3 unidades impressas.

Pensando na forma viável de chegar a 100 exemplares.

Veja mais em  http://carolineltavares.blogspot.com.br/2013/07/dar-corpo-sombra-2.html


sexta-feira, 19 de julho de 2013

Medicina diagnóstica... de novo

É tanta coisa (ruim) acontecendo... estou meio cansada de me surpreender e indignar, já estou no modo permanente de indignação, assim, poupo sobressaltos.

Mas, essa preciso escrever. De volta à questão da medicina diagnóstica e sua falta de... de tudo.

Meu pai está com uma dor difusa que o incomoda, já foi a vários médicos de especialidades diferentes e ninguém sabe o que é. Até que um deles resolveu pedir uma ressonância magnética. Ele ficou satisfeito, pelo menos era uma chance de clarear o diagnóstico e, consequentemente, aliviar a dor.

Ligou para alguns lugares e as datas eram inacreditavelmente distantes, até que encontrou uma data mais próxima - 5 de julho - no Labs da rua XV de Novembro, em Niterói.

Seria redundância relatar que pediram para ele chegar meia hora antes do horário marcado e só atenderam duas horas depois, ok, normal (mesmo sendo um exame que necessita de jejum e o paciente ser um senhor de 78 anos).

O exame começou e algum tempo depois, uma moça foi até ele pedir autorização para administrar contraste venoso, já que o médico que estava realizando o exame achou necessário. Ele concordou e ela executou o primeiro procedimento ("pegar" uma veia).

Parênteses: devido a um problema crônico, meu pai se submete a ressonâncias anuais, onde o contraste é administrado. Ele me contou que sempre tem alguém explicando as reações possíveis e que ele sente algumas delas, além disso, sempre é feita uma "prova de alergia".

Retomando: Depois de um tempo, a moça voltou dizendo que o exame tinha terminado. Ele ficou surpreso, pois não viu e nem sentiu nada que caracterizasse a administração do contraste. Falou isso com ela que disse que tinha sido feito, ele insistiu dizendo que já tinha feito aquele exame e que nada que acontece nos outros aconteceu naquele e pediu para falar com o médico. Ela disse que tinha sido feito e que o médico já tinha ido embora. Ele estranhou muito e falou com ela e com alguém da recepção que não tinha sido feito e que o resultado do exame diria que ele estava certo (já que as imagens deixam nítido o uso do contraste).

O exame só ficaria pronto dia 19, hoje. Ele foi até lá buscar e... não estava pronto, isso porque ele ligou antes e informaram que estava pronto. Ficou dito que ele voltaria na segunda-feira pra buscar, claro que ele disse tudo que aquelas pessoas incompetentes precisavam ouvir.

Voltou para casa sem o resultado.

Uma hora depois, liga alguém do Labs (esqueci o nome do sujeito, mas vou perguntar e colocar aqui depois), um cara preparado para esse tipo de embate. Sim, eles devem manter um profissional desses porque a quantidade de erros que devem cometer justifica.

O cara pedia que ele fosse à unidade do Labs para terminar o exame, pois ficou faltando fazer as imagens com contraste. Sim, você não está lendo errado... isso mesmo, meu pai tinha razão, eles fingiram ter feito um exame que não fizeram e não admitiram isso em nenhum momento, nem no dia 5 e nem hoje. O cara queria marcar uma hora para que meu pai fosse lá conversar com o médico para que ele pudesse explicar como o exame se dá, tipo: o senhor está equivocado, mas o médico pode explicar tudo.

Ele não vai, disse que não volta lá para nada, a não ser para pegar de volta a requisição da médica, para poder fazer o exame em outro lugar.

Quer dizer, realmente, o mundo acabou, só pode ser.


sábado, 13 de julho de 2013

preguiça de gente chata

Um cara na rua querendo puxar assunto perguntou se eu era adEvogada, segundo ele eu tenho jeito de adEvogada. O que será que isso significa?...

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Insight

Preciso de disciplina para não suspender a minha vida e passar para a dos outros.

terça-feira, 9 de julho de 2013

não entrar nas prisões dos outros lucidez

não entrar nas minhas prisões
meditação
não cair nas minhas armadilhas

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Abertura total não existe

Todo mundo tem preconceito.
Pré-ideia, pré-julgamento, pré-escolha, pré-desejo.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Versão impressa

A versão impressa no n personas está começando a virar realidade. O piloto fica pronto semana que vem! Pensando na estratégia para que ele siga ganhando o mundo, rsrsrsrs. Um pequeno mundo, a edição é artístico-artesanal e limitada. Já já mostro como ficou!!!!

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Novidades | Desafios

Conheço uma Carol que se colocou um desafio: fazer algo novo durante 365 dias. Sempre penso em fazer o mesmo, mas nunca começo. Tem dias que percebo que fiz algo inédito e me vem à mente o desafio da Carol, penso: podia começar hoje. Foi assim na primeira vez que usei o vestido com estampas do Miró, que também era a primeira e única vez que eu ia à festa de 1 ano de Zazá; teve a primeira vez que fiz várias coisas com Layla - a gatinha, principalmente o dia em que levei-a à veterinária porque ela estava muito muito caidinha e com febre; a primeira vez no novo consultório; a primeira sessão com alguém; o novo aparelho de celular; o evento Jung e a filosofia na Uff, onde ouvi pessoas que nunca tinha ouvido; um filme inédito; uma conversa; um livro; serve até um olhar. Mas vou deixando passar e não começo minha lista. Hoje? Quem sabe hoje? Será que fiz alguma coisa hoje pela primeira vez? Acho que não começo porque não quero ter que ficar procurando, correndo atrás, forjando um desafio, bom se as primeiras vezes fossem acontecendo naturalmente, dia a dia. Hoje fui a um bistrô que não conhecia e tomei um vinho que também nunca tinha tomado! Pronto, tenho uma novidade do dia!! Não que todos os dias precisem apresentar desafios, o desafio é experimentar novidades diárias. Um lugar novo e um vinho. Dia 1 Carol!

Buscando uma capa para o npersonas

Uma publicação. Em papel. Com uma seleção de posts do npersonas. Perto de cinquenta páginas. Algumas fotos. Encadernação especial. Poucos exemplares. Falta escolher a capa.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Direto do túnel do tempo




 

















       Delimitações
de espaços vagos e preenchidos
       Delimite
       Dê limite
       Limite-se
       A si

       |2003|

sábado, 4 de maio de 2013

Sutilezas

Eu tenho um caderno onde escrevo sonhos, reflexões, angústias, desejos, etc. Ontem peguei pra escrever um pouco e a última frase era: desconfiar do doce e observar, escrito dia 5 de março. Não lembrava do que se tratava e reli, abaixo algumas partes:

Demorei a dormir. Acordei com a sensação de que não havia dormido, mas o sonho é a prova de que não foi assim. Antes das duas da manhã pensei se seria por causa do filme, mas não me pareceu. Uma sensação vaga de incômodo. [...] Por um instante pensei ser uma sensação de decepção, mas não; ainda o incômodo vago, a impressão de que algo não deveria ser assim e/ou que algo sempre acontecia assim. [...] E, agora, enquanto escrevo penso na palavra fraude, que talvez substitua decepção. [...] Então, o que parece surgir é uma paisagem sempre a mesma. Do guia. Que se coloca docemente, se impõe e "toma", ocupa os lugares, a direção; o crivo. [...] E me pergunto se mais alguém se pergunta. Se mais alguém se incomoda. Se alguém tornará o assunto assunto. [...] Um Rubicão? [...] Duvidar do doce. [...] questão encerrada sem mais. [...] Desconfiar do doce e observar.

Talvez o melhor seja desconfiar da/o guia, como objeto/sujeito orientador.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Mar de rosas

"Eu saí pela estrada E não tenho pra onde ir Sempre ouvi dizer Que esse mundo era pequeno Pelo caminho de espinhos Avistei um mar de rosas Pra chegar até lá Eu preciso um pouco mais de tempo Preciso de um grande amor Preciso dinheiro, preciso humor"

Parte da música Ambição, de Zélia Duncan
Filminho feito hoje no caminho de volta pra casa





terça-feira, 9 de abril de 2013

Reflexões sobre o que faço, o que fazer, o que não fazer

[...]
Acho que sou um pouco ariana. Sempre começando algo novo.

Os muitos interesses.
[...]

terça-feira, 26 de março de 2013

"Eu não desenvolvo; sou."

Pablo Picasso


Era um grupo pequeno criando um espaço. 

O rapaz percebeu o alcance do amor. Às vezes o amor se disfarça de outras coisas, talvez seja preciso olhares que já tenham passado perto dali para apontar, sutilmente, uma outra possibilidade.

Diferenças e semelhanças.

Ele teve uma professora que, sabendo ou não, mostrou-lhe caminhos que talvez não encontrasse de outras formas. Talvez ela soubesse disso, mas, afinal, todos nós tivemos um professor-mestre.

Exercício de abertura.

Ele tinha livros, revistas e interesse por determinado assunto, pensava em fazer outra graduação quando terminasse a que estava cursando, aquela parecia fazer mais sentido do que esta. Talvez aquele futuro estivesse relacionado a sua sensibilidade. Seria como um guardião, e ao mesmo tempo, expressão.

Fluxo, movimento.

Os cupins devoraram seus livros e revistas. Sim, os cupins. Sem que ele percebesse, aquele interesse foi consumido. Por outros. Funcionou como um sinal. E, para que não restasse dúvidas, queimou o que restou. Agora aquilo parecia bobagem.

...

O rapaz tornou-se professor, enfrenta desafios, muitos. Certo é que sua sensibilidade o levará a ser lembrado por algum aluno como professor-mestre.

O mundo dá voltas.


(p.s.: era pra ser um conto sobre o rapaz. mas surgiu uma interlocução)

sábado, 16 de março de 2013

E se eu morresse agora?

Não que eu queira, gostaria de me demorar bastante por aqui.

Mas essa frase-reflexão me tomou ainda agora, quando fiquei sabendo sobre o estado de saúde do irmão de uma amiga. De repente, ele não está bem.

E aí, aqueles mil pensamentos em frações de segundo, e pensei: e se fosse eu?

Me deu uma certa calma, é bom reiterar que quero continuar por aqui!

Pensei que as minhas relações são pacíficas e amorosas, que talvez ninguém ou ninguém importante pra mim guarde sentimentos negativos, tipo raiva, mágoa, rancor. Sentimentos que pudessem criar remorso na pessoa, transtorná-la ou gerar energia negativa na minha direção.

Fiquei feliz pela minha vida como ela é, como ela vem se desenvolvendo, como me relaciono com ela, quer dizer, comigo e com os outros. Pensei, ainda, que talvez mereça uma passagem leve, mas talvez não seja questão de merecimento; então pensei que gostaria de ter a sorte de uma passagem leve. Tomara que demore e que seja leve.

Beijo amiga.

quinta-feira, 14 de março de 2013

O corpo pensa

Em O Corpo em Crise - Novas pistas e o curto-circuito das representações, de Christine Greiner:

"Tradicionalmente, sempre se compreendeu o sistema imunológico como aquele capaz de proteger o corpo dos ataques externos. As metáforas militares de ataque e defesa sempre pareceram convincentes, apostando em uma separação clara entre o dentro e o fora do corpo, o si-mesmo e o outro. No entanto, como explica Varela, as habilidades cognitivas do sistema imunológico foram se tornando cada vez mais claras, não apenas após o surgimento da aids, mas também a partir de doenças como o lupus na qual o organismo deixa de reconhecer o que é do próprio corpo e passa a identificar o mesmo como o outro, combatendo-o. Muitos pesquisadores reconhecem que o sistema imunológico é capaz de aprender e lembrar, criando uma rede autônoma e inteligente. Para Varela, somente ao reconhecermos a autonomia desse processo, nas redes biológicas neurais e imunológicas, é que finalmente descobriremos como pensamos com nosso corpo inteiro."

Da mesma autora, O Corpo - Pistas para estudos indisciplinares:

"Em um artigo importante de Francisco Varela e Mark R. Anspach, 'The Body Thinks: The Immune System and the Process of Somatic Individuation', os autores explicam que durante anos a principal metáfora para ilustrar o sistema imunológico humano foi a metáfora militar. Assim como para falar de ciências cognitivas todos pensavam apenas na metáfora do computador e para descrever o corpo renascentista usava-se a metáfora do corpo-máquina, corpo-autômato, no que diz respeito à imunologia, a chave sempre foi a metáfora do exército, as forças de defesa do organismo. No entanto, pouco se discutia acerca, por exemplo, da diferenciação dos linfócitos entre si, tanto através de marcadores moleculares particulares quanto de anticorpos visíveis em suas membranas de superfície. Os anticorpos e outras moléculas produzidas por linfócitos são, segundo os autores, por longe o grupo molecular mais diversificado do corpo, qualificados para garantir a constante mudança e a diversidade de outras moléculas do corpo. Portanto, mesmo que o sistema imunológico tenha a função defensiva, não se pode desprezar as capacidades cognitivas que exibe. Isso porque ele partilha propriedades com o cérebro do tipo que tornam o comportamento cognitivo possível.
Diferentemente do sistema nervoso, o sistema imunológico não tem órgãos sensórios dispostos espacialmente para receber informações de fora do corpo. Anticorpos circulam livremente dentro do organismo e a chance de encontrarem moléculas de tecido orgânico (referentes ao que se entende por self) é tão grande quanto a de se depararem com antígenos (do não self). Por isso têm uma função de reconhecimento. Ou seja, ao reconhecer o antígeno, o anticorpo o neutraliza quimicamente. Mas Varela e Anspach vão ainda mais longe explicando que a constante troca da rede de componentes através dos novos linfócitos envolve um processo ativo que inclui aprendizagem e memória. Tais investigações têm sido desenvolvidas há anos a partir de disfunções imunológicas (...) Mais recentemente, aids e lupus têm complexificado ainda mais a questão. Evidentemente, não cabe neste livro detalhar estas investigações, mas vale a pena observar a mudança de metáforas, do exército e da militarização, para a da rede inteligente (com habilidade cognitiva). Isto leva a questionar, mais uma vez, os mecanismos de input e output na relação entre o dentro e o fora do corpo, ajudando também a entender como pensamos e aprendemos com o corpo todo e não apenas com o cérebro e o sistema nervoso.
O estudo das metáforas, entendidas como metáforas do pensamento, nos ajuda também a compreender que as mudanças de nomeação do corpo, no decorrer da sua história, apontam para questões que seguem além das classificações gerais, destacando também o modo singular como o entendimento do corpo e das suas relações com o ambiente, os sujeitos, a consciência, a linguagem e o conhecimento, veem sendo rediscutidos e redimensionados Assim tem ocorrido também com o próprio sentido da vida, a noção de evolução e de estar no mundo. O reconhecimento de que o sistema sensóriomotor e o sistema imunológico têm natureza cognitiva e não apenas o sistema nervoso central, reitera não apenas a evidência de que o corpo pensa, mas a de que o pensamento se organiza como ações possivelmente descentralizadas, nutridas pela 'indeterminação da vida em todos os seus sentidos' como insistia Artaud."

quarta-feira, 13 de março de 2013

...

às vezes dá um cansaço...

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Reflexão matinal:

A vida sonhada é unilateral, a(s) pessoa(s) com quem se sonha não participa(m) do sonho, quer dizer, não vivenciam o que o sonhador vivencia. Nesse sentido, a experiência é uma espécie de fantasia, como nos enredos imaginados na vida desperta, mas onde a direção da trama não é dada pelo imaginador e sim pelo sonhador?

Ando lendo e conversando sobre fenomenologia e a maneira de ver os sonhos segundo essa abordagem.

Hoje estive no meu sonho como autora, personagem e observadora.

Ok, todos somos um.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Pequenos sofrimentos

Filtro - a cada encontro - solar.
Injeção de vitamina B12.
Sessão de escleroterapia, composta por 50 injeções.
Vitamina D na colher.
Meia elástica no calor de fevereiro.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Sobre tempo, memória, realidade, ficção e escolhas

Na noite do último domingo li O sentido de um fim, de Julian Barnes. Estava aqui há meses, comprei na Flip por causa do título.

"E a vida é isso, não é? Algumas realizações e algumas decepções. A mim parece interessante, embora não reclame ou me espante se outros não concordam muito com isso. Talvez, de certa forma, Adrian soubesse o que estava fazendo. Mas eu não perderia a minha vida por nada, entenda bem."

...

"Nós vivemos no tempo, ele nos limita e nos define, e o tempo supostamente mede a história, não é? Mas, se não podemos entender o tempo, não podemos alcançar seus mistérios de ritmo e progresso, que chance nós temos com a história - mesmo o nosso pequeno, pessoal e praticamente não documentado pedaço dela?"

...

"Mas o tempo... como o tempo primeiro nos prende e depois nos confunde. Nós achamos que estávamos sendo maduros quando só estávamos sendo prudentes. Nós imaginamos que estávamos sendo responsáveis, mas estávamos sendo apenas covardes. O que chamamos de realismo era apenas uma forma de evitar as coisas em vez de encará-las. O tempo... nos dá tempo suficiente para que nossas decisões mais fundamentadas pareçam hesitações, nossas certezas, meros caprichos."

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

De fora pra dentro

Arrumar coisas da casa me organiza, me coloca em contato com afeto e constância.

A ingenuidade não cabe aqui.

O uso de preservativos é uma tentativa de preservar a saúde.

O acordo de não uso de preservativos numa relação estável não é um contrato que garanta a fidelidade.

Por outro lado, o acordo de uso de preservativos não é uma licença para outros relacionamentos.

As questões subjetivas envolvidas nas relações afetivas ultrapassam o mero uso de preservativos.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Dormi com o ipod e acordei com o passarinho

Acordara há alguns minutos, estava ali entregue àquele momento anterior ao real despertar.
O canto do passarinho levou-me para o jardim do filme da noite de ontem. Acordei com a delicadeza do canto, com a delicadeza do amor no jardim, com a delicadeza da vida me presenteando com o dom de um outro.
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O canto continuou e quis procurar o passarinho, avistei-o numa gaiola na janela do último andar do prédio em frente. O encanto quase se foi, pensei sobre ele doar sua voz e sobre alguém prendê-lo por amor a ele e/ou a seu canto.
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E sobre medo e poder e automatismos e falta de delicadeza e verdades diferentes.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Meditação de ano novo

Incensos, uma sombra de árvore, o rio correndo.
Para o mundo, a paz. Para os próximos, saúde.
E que estejam em mim:
a força das raízes e a fertilidade da terra
o frescor e a fluidez da água
o movimento e o alcance do ar
a energia de ação e transformação do fogo.