Último sábado do ano, sol, calor, acordei cedo e fui tirar sangue.
O rapaz do laboratório recebeu-me educadamente: Bom dia. Tudo bem? Eu respondi que tudo bem. Ele, então, passou a falar sobre o perfil dos pacientes de acordo com a unidade do laboratório: interessante estudo sociológico. Sem grandes novidades. Apenas mais do mesmo: reclamações de um trabalhador no último sábado de sol e calor do ano.
Ele disse que outro dia ao cumprimentar uma senhora que estava lá para tirar sangue ela respondeu que se estivesse tudo bem ela não estaria ali. Ele estranhou. Disse que não é daqui, e sim da unidade Centro do Rio e que lá é muito diferente. Eu quis saber a diferença e passamos a construir o que seria o perfil Centro do Rio: pessoas apressadas; estressadas; que, qualquer coisa, dizem que vão processar. E passou ao perfil seguinte: Alcântara - "é mais povão", mas, qualquer coisa, tem barraco e escândalo. E chegou a minha vez, ou melhor, da unidade que utilizo - Icaraí. Antes de passar à análise propriamente dita ele teve o cuidado de dizer que estava generalizando, segundo ele, tem gente que não é assim. "Bem, aqui é igual à Copacabana", disse com um tom reticente e como se estivesse dizendo o óbvio. Eu quis detalhes. Ele disse: "Copacabana é complicado..." ele já tinha mencionado as semelhanças com Icaraí, incentivei-o a ser mais claro e ele vingou-se daquela senhora que insinuara que para estar diante dele não poderia estar bem. Usuários das unidades Copacabana e Icaraí são metidos, arrogantes, têm pose, julgam-se melhores.
Aperta com força, disse ele ao colocar o band-aid no meu braço. E confessou que não é de muito papo, normalmente dá bom dia e faz o seu trabalho. Despedimo-nos com votos de feliz ano novo e ele agradeceu o meu sorriso.
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Um comentário:
Checkup de ano novo?
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