domingo, 5 de agosto de 2007

Insônia

Do livro Conto a Gotas, ainda não publicado.


Meia-noite. Clara deitou depois de um dia comum. Hábito seu demorar-se um pouco em pensamentos antes de adormecer. 3 da manhã. Clara acordou naturalmente, levantou-se, bebeu um pouco d'água, olhou o relógio e deitou novamente. Pensamentos começaram a invadí-la. Pensou sobre sua atividade profissional, sobre seu namoro, sobre como estava demorando a conciliar o sono novamente e, por fim, percebeu-se atenta aos movimentos da rua, tentando adivinhar há quanto tempo perdera o sono. Clara morava num apartamento térreo de frente pra rua. Estava completamente adaptada à condição de ter como vizinhos os pedestres e a padaria da esquina que abria suas portas antes das 5 horas da manhã, oferecendo seu pão quentinho quase como prêmio a quem acordava tão cedo para trabalhar. Ouviu as pesadas portas da padaria serem abertas e ficou aguardando o aroma do pão fresquinho invadir seu apartamento. Ônibus e carros passavam mais freqüentemente, o sol clareava o dia, saltos de sapatos encontravam, ruidosamente, o chão com passadas apressadas. 7 da manhã. Clara pensara, um minuto antes de pegar no sono, que esse seu dia iria mesmo começar mais cedo. 10 da manhã. Agora sim o início do dia. Clara levantou deduzindo a causa de sua insônia, a leitura após o jantar: indigestão de Kafka.

Um comentário:

FGFigueira disse...

tenho uma amiga, q sempre q a gente dorme cedo ou dorme de tarde a gente diz q leu kafka...
rs