terça-feira, 10 de maio de 2011

Limites

Ontem peguei um ônibus para o Rio e sabia que a viagem seria longa.

No Centro entrou um homem - Petrônio Rosa - dizendo-se artista, com um nariz de palhaço e um boné. Pagou a passagem e parou na roleta do ônibus. Começou o "show", tentando a simpatia e a interação com o "público". Logo que chegamos ao Rio, ele terminou a apresentação e distribuiu envelopes para receber contribuições.

Fiquei pensando.
Ok, as pessoas precisam rir mais, precisam se defender menos, ser mais leves.
Tá, o PR é um artista que precisa trabalhar, quer fazer rir e é um passageiro do ônibus, como os outros.
Sim, ele não ofendeu ninguém, algumas pessoas participaram, riram, bateram palmas e pagaram pelo show; ele deu referências, disse para procurarmos o nome dele na internet.

Qual é o limite dos direitos pessoais? O que alguém pode impor a outras pessoas? Que medida é essa?

Petrônio Rosa desenvolveu a maior parte de seu show no percurso da ponte Rio-Niterói, o que quer dizer que as pessoas estavam obrigadas a, ao menos, ouví-lo; pois não poderiam optar por abandonar o show, o dinheiro pago pela passagem e o seu destino, já que não há paradas de ônibus na ponte.

A ação de PR parece ingênua e amigável, mas talvez seja uma imposição que ultrapasse o tênue limiar entre os seus direitos e os dos outros.

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